Por Vinícius Carneiro
Postado em 07 de abril de 2017
Atualizado em 25 de abril de 2017
O princípio físico fundamental para compreensão e
interpretação de resultados do tubo de Kundt é o das ondas estacionárias.
Estudando-se os fenômenos de interferência de ondas, tem-se que ao combinar
ondas de mesma amplitude e constante de fase nula, porém com sentidos de
propagação contrários, é formada uma onda estacionária (figura 1), em cuja qual
não há propagação, mantendo um formato de onda constante e apenas com deslocamento
de amplitude e, algumas vezes, variações de sinal (MOYSÉS, 2014).
Fig. 1 - Animação de Onda Estacionária.
Fonte: https://giphy.com/gifs/waves-geometry-math-mIWI9XSPUVm9y/ . Acessado em 07 abr. 2017
Há determinados pontos na onda estacionária que
se encontram em repouso, sem oscilação de amplitude, denominados nós. Os seguimentos
de ondas compreendidos entre os nós são chamados de nodos da onda e,
como representado na figura 2, equivalem à metade de um comprimento de onda (λ)
ou pode-se dizer que um comprimento de onda é composto por dois nodos
(MOYSÉS,2014).
Fig. 2 - Nós (N) e ventres (V) de uma onda estacionária.
Fonte: http://www.infoescola.com/fisica/onda-estacionaria/ . Acessado em 07 abr. 2017.
O comprimento
de onda (λ) é a menor distância em que a onda se repete, ou seja, é a
distância entre duas cristas ou dois
vales, caracterizando-se assim como uma das características básicas de uma
onda. Outro importante aspecto de uma onda é a sua frequência (Hz), que refere-se ao número de oscilações da onda em uma
unidade de tempo, geralmente em segundos. Como a frequência representa as
oscilações de por segundo e cada oscilação representa um comprimento de onda,
deduz-se que (TIPLER;MOSCA, 2009):
(Equação 1)
onde v
= velocidade de onda (m/s)
λ = comprimento de onda (m)
f = frequência (s-1)
Ao analisar-se a propagação de uma onda em um
meio (onda mecânica) é necessário conhecer algumas propriedades deste meio, que
acabarão por definir a rapidez com que a onda se propaga. Para o caso do ar (ou
qualquer outro fluido), faz-se necessário obter o módulo de compressão (β) desse
e também a sua massa específica linear (µ).
No entanto, estes dois valores também se relacionam com a velocidade de
propagação da onda, do seguinte modo (YOUNG;FREEDMAN,
2008):
(Equação 2)
onde v
= velocidade de onda (m/s)
β = módulo de compressão do ar (Pa)
µ = massa específica do ar (kg/m³)
Portanto, a partir das equações 1 e 2, chega-se à seguinte igualdade:
(Equação 3)
onde β= módulo de compressão do ar (Pa)
µ= massa específica do ar (kg/m³)
λ= comprimento de onda (m)
f = frequência emitida (Hz)
Projetado
pela primeira vez em 1866 pelo físico alemão August Kundt, este tubo permite
diversos estudos e experimentos sobre a propagação do som no ar em seu
interior. O tubo de Kundt moderno (figura 3) é constituído de um tubo de
acrílico fixo em um suporte, com um alto-falante compatível ao seu diâmetro
acoplado a uma de suas extremidades. A outra extremidade é obstruída (de modo a não vedar o tubo) com um êmbolo, tornando o comprimento do tubo
ajustável. O interior do tubo é preenchido com um material leve e bem granulado
(talco, pó de cortiça, bolinhas de isopor) e o alto falante é conectado
a um gerador de frequências sonoras (KUMAR; PADMAJEETH, 2013).
Fig.3 - Tubo de Kundt.
Fonte: Fonte: http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.php?midia=azed&cod=_tubodekundt.
Acessado em 07 abr. 2017
O funcionamento do tubo ocorre da seguinte
maneira: ao emitir-se uma frequência no gerador através do autofalante, o som
propaga-se longitudinalmente no ar interior. A onda de som refletirá no êmbolo
na outra extremidade e formará por interferência uma onda estacionária quando
entrar em superposição com as ondas provenientes de sentido contrário vindas do
alto-falante. Equivalentemente ao modelo de ondas transversais, a onda
longitudinal e estacionária resultante formará nós de onda, estes sendo
visualizáveis através dos pontos de acúmulos das bolinhas de isopor (vide figura
4). Sabendo-se que há entre três nós de onda dois nodos, equivalendo a um
comprimento de onda, o objetivo do projeto solicitado será de estimar o valor da
frequência emitida no
gerador através da relação apontada na equação 3.
Figura
4. Pontos de acúmulo das bolinhas de isopor.
Fonte:http:http://nurseryrhymes.pw/watch/P3LHO4hNQv8/ondas-estacionarias-en-tubo-de-kundt-kundt-s-tube
Acessado em 22 abr. 2017
O comprimento de onda (distância entre três nós)
pode ser medido por uma fita métrica acoplada ao tubo de Kundt. A função que o
êmbolo desempenha é a de ajustar o comprimento do tubo de modo a comportar em
seu interior variados valores de comprimentos de ondas e logo assim,
permitindo-se serem testadas diferentes frequências.
Portanto, após construído o tubo de Kundt solicitado
pelo docente, este será submetido a provas de conceito sendo que uma delas
consiste em estimar a frequência a ser emitida no gerador e sendo assim, avaliada
a eficácia do projeto final concebido.
Figura 5.
Ajustamento do êmbolo ao tubo.
Fonte: http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/Waves/kundtosc.html. Acessado
em 07 abr. 2017
Referências:
MOYSÉS, H. Nussenzveig. Curso de Física Básica
2 - Fluidos, Oscilações e Ondas de Calor. 5ª ed. São Paulo. Editora
Blucher. 2014. 314 páginas.
FREEDMAN, Roger A. ; YOUNG, Hugh D. Física 2 -
Termodinâmica e Ondas. 12ª ed. São Paulo. Editora Pearson. 2008. 392
páginas.
KUMAR, Jeethendra P.K.; PADMAJEETH, Ajeya;
SANTOSH. Velocity of Sound
in Air - The Kundt's Tube Experiment. Bengaluru, India. Mar. 2013.
TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física para Cientistas e Engenheiros - Volume 1. 6ª ed. Rio de Janeiro. Editora LTC. 2009. 759 páginas.